544 D. JOÃO XAVIER DE SOUSA E TRINDADE (1801)
"Uma das questões que habitualmente se coloca quando nos debruçamos sobre a exclaustração das Ordens Religiosas é o que aconteceu aos frades e religiosos que de um dia para o outro se viram obrigados a abandonar os seus conventos.
Muitos passaram ao anonimato, desapareceram quase sem deixar história, outros no entanto envolveram-se na história e hoje podemos fazer um pequeno retracto das suas vidas.
Nestas circunstâncias encontra-se frei João Xavier de Sousa e Trindade, certamente desconhecido de muitos de nós, mas que por mero acaso me veio parar às mãos.
Segundo o que se encontra na grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira João Xavier de Sousa e Trindade nasceu em 1801 em Assagão de Bardez, Goa.
Brâmane de nascimento foi educado na fé católica e ainda bastante jovem entrou no convento de São Domingos de Goa.
Ali e no Colégio de São Tomás teria realizado a sua formação e começado a sua carreira, pois como diz num discurso parlamentar em 1840, estudou e ensinou filosofia e teologia, tendo alcançado os graus de Mestre e Doutor
Em 1825 e 1827 assina como Prior os termos de abertura dos Livros de Rendas e Receitas do Colégio de São Tomás de Goa, o que a fazer fé na data de nascimento teria ocupado os lugares de governo muito jovem.
Em 1836 encontra-se em Macau há já alguns anos, e por uma refutação que faz devido a críticas da sua administração do Convento de São Domingos de Goa e do Colégio publicadas no jornal Crónica de Macau, percebemos que teria ocupado também aquele lugar de governo.
Com a extinção das Ordens e encerramento dos conventos, frei João Xavier regressa a Goa, onde em Abril de 1839 é eleito deputado às Cortes pelo Estado da India.
No ano seguinte está em Lisboa e a 25 de Março ocupa o seu lugar na bancada parlamentar do partido do governo ao lado do advogado António Caetano Pacheco, enquanto os outros representantes do Estado da Índia se sentavam na bancada da oposição.
A sua participação na Assembleia Legislativa teve alguma importância na medida em que não só defendeu o envio da informação legislativa para todas as câmaras do ultramar, mas também a constituição de Códigos Legislativos que tivessem em conta as particularidades de cada território e seus habitantes.
Nesta passagem por Lisboa frei João Xavier é apresentado para Bispo e assim quando D. Maria II o nomeia Conselheiro Real, em 1843, é já tratado por D. João Xavier na Carta de Mercê. Em 1844 a mesma rainha apresenta-o para Bispo de Malaca.
Com a conclusão dos trabalhos do Parlamento D. frei João Xavier regressa a Goa onde novamente se envolve na política através do partido do Conde de Tomar, o que o traz pela segunda vez a Lisboa como representante do Estado da Índia às Cortes.
Em 1848 não é reeleito como deputado, apesar das suas expectativas e da Comenda da Ordem de Cristo entregue pela rainha.
Contudo, não regressa a Goa e mantém-se em Lisboa onde publica um pequeno opúsculo em 1849 intitulando-se bispo de Malaca, Solor e Timor.
Em 1856 é nomeado prelado para Moçambique, mas não parte de Lisboa, pois encontra-se a residir na Travessa da Pereira à Graça em 1861 de acordo com o Almanaque do Clero do Patriarcado desse mesmo ano.
Até à sua morte, ocorrida a 22 de Janeiro de 1864, pouco mais sabemos da sua vida, mas deve certamente ter continuado a frequentar os círculos políticos pois é sócio da Associação Marítima e Colonial de Lisboa, onde publica alguns artigos no Boletim da Associação.
Fica assim um pouco mais conhecida a história dos egressos dominicanos portugueses [...]"
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