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GALERIA DOS GOESES ILUSTRES

INTROSPECÇÃO SOBRE A ORIGEM, O ALCANCE E OS LIMITES DA IDENTIDADE GOESA, E O SEU CONTRIBUTO HISTÓRICO E SOCIAL EM PORTUGAL E NO MUNDO

GALERIA DOS GOESES ILUSTRES

INTROSPECÇÃO SOBRE A ORIGEM, O ALCANCE E OS LIMITES DA IDENTIDADE GOESA, E O SEU CONTRIBUTO HISTÓRICO E SOCIAL EM PORTUGAL E NO MUNDO

678 ANA RITA GANDRA DA CUNHA GONÇALVES

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texto de Helena Pato em Antifascista da Resistência 

 

"Militante da extrema-esquerda, cidadã antifascista de grande dignidade, modéstia e coragem, entregou-se à luta clandestina, integrada na FAP por convicção. 

 

Viveu 8 meses na clandestinidade, guardiã de uma casa da organização e com trabalho de impressão numa tipografia. 

 

Terá sido, na década de 60, a única mulher na clandestinidade, que não era do PCP. Seguiu o seu companheiro, Rui D ´Espiney e foi presa com ele. Condenada em Tribunal Plenário, ficou dois anos em Caxias.  

 

Ana Rita Gandra Gonçalves nasceu a 21 de Dezembro de 1945, em Lisboa, filha de Nuno da Cunha Gonçalves e de Ângela Guimarães da Cunha Gonçalves. Nascida numa família oposicionista [por parte da mãe], Ana Rita Gandra Gonçalves começou cedo a envolver-se nas actividades estudantis contra o regime. 

 

No 5º ano do liceu Maria Amália Vaz de Carvalho, juntou-se a uma colega na organização de uma estrutura que batizaram como “JIOP – Jovens Independentes de Oposição Portuguesa”. Em breve, vai pertencer à Pró-Associação dos liceus e militar no PCP. 

 

Aos 17 anos, o namoro com Rui D’Espiney, militante do PCP já em ruptura com o partido, alimenta-lhe dúvidas ideológicas, que ela própria tinha. [Na sua visão, a ausência de acções armadas era um erro do Partido Comunista]. 

 

Em 1963, com o despontar das correntes maoistas na Europa, alguns militantes do Partido Comunista tinham passado a defender a luta armada contra o regime. É neste quadro que, quando Rui D´Espiney decide exilar-se em Paris, Rita parte com ele, por convicção política e por amor. 

 

Em 1964, partem para a Argélia, com o objectivo de se juntarem aos campos de treino da guerrilha de Humberto Delgado. Já em Argel, conhecem João Pulido Valente e estabelecem contacto com os primeiros escritos de Francisco Martins Rodrigues. Em 1964, Francisco Martins Rodrigues, Rui d´Espiney e João Pulido Valente criam, com outros dissidentes do PCP, a Frente de Acção Popular (FAP) e o Comité Marxista-Leninista Português. Rui d’Espiney, na altura exilado em Argel, segundo uma entrevista que deu à RTP após o 25 de Abril, propunha-se «formar uma frente para levar a cabo a luta armada e um comité para fazer fermentar as ideias daqueles que se consideravam comunistas de extrema-esquerda. A FAP seria a organização que iria, de algum modo, responder ao imperativo de resposta armada à repressão ditatorial e do fascismo». 

 

Rita volta para Portugal, doente, e aguarda o marido, para se lhe juntar na clandestinidade, já que o seu objectivo, desde sempre, seria vir para o interior e lutar pelo fim da Ditadura. Em Junho de 1965, Rui d´Espiney regressa ao País, vindo da Argélia, e desenvolve então actividades com Francisco Martins Rodrigues e João Pulido Valente.  

Depois de vários meses na clandestinidade e com o envolvimento em várias acções de propaganda, a polícia política detecta-os, aproxima-se deles e o cerco aperta-se. [Rita sempre afirmou, desde então, que não chegou a participar nas acções violentas, dedicando-se sobretudo a imprimir propaganda da Frente de Acção Popular]. Ocorrera a execução de um infiltrado da PIDE na FAP, responsável pela detenção de João Pulido Valente e, em Janeiro de 1966, R d´E e FMR foram detidos pela PIDE e submetidos a um tratamento brutal. Rita é encontrada pela PIDE em casa de amigos onde se tinham refugiado, quando constataram que estavam vigiados pela PIDE. Rui tinha sido preso no mesmo dia, sem que Rita soubesse.

 

Presa a 14 de Fevereiro de 1966 e interrogada, Ana Rita Gandra Gonçalves é levada para Caxias. Durante o interrogatório na António Maria Cardoso, em que é submetida à tortura do sono, Rita Gandra não fala. Ao ser detida, ainda não sabia se o marido tinha conseguido fugir, mas a PIDE fez questão de trazê-lo, então, à sua presença, para a pressionar a falar. Rui D´Espiney tinha sofrido tais violências durante os interrogatórios, que Rita só o reconheceu pelas mãos (tal o estado desfigurado em que este se encontrava, tantas eram as nódoas negras e o sangue que tinha na cara). A informação sobre a tortura do jovem D´Espiney desencadeou na Universidade manifestações estudantis contra a brutalidade da polícia.

 

Em Abril de 1967, Rita Gandra foi levada para o Hospital da Ordem Terceira (junto à sede da PIDE) e, pouco tempo depois, novamente enviada para Caxias, onde permaneceu até ao julgamento, em 1968. 

Em Abril de1966 fora constituída arguida num processo, cujo julgamento em Tribunal Plenário só ocorreu em Março de 1968. Rita não "falara", mas a sua acusação decorreu de testemunhos de companheiros. Condenada na suspensão de direitos políticos por cinco anos e a uma pena de 20 meses de prisão, já expiada com a detenção sofrida (de mais de dois anos), é libertada imediatamente. Durante o tempo na cadeia de Caxias, os encontros com o marido, Rui D’Espiney, aconteciam uma vez por ano, durante uma hora, sempre vigiados pela PIDE. De resto, o casal contactava por carta, uma vez por semana.

 

Rui D’ Espiney, Francisco Martins Rodrigues e João Pulido Valente ficaram presos até 27 de Abril de 1974. Rita Gandra estava em Londres a acompanhar a filha doente quando soube que uma revolução eclodira em Portugal e que o marido iria ser libertado. A filha Catarina, que havia sido criada pelos Avós (pais do Rui) até à libertação da Mãe, acaba por morrer no mesmo dia em que o pai é libertado [Rui D´ Espiney não a vira desde que fora preso]. D’ Espiney sempre confirmou a sua militância política [«O mais que disse à PIDE foi que era guerrilheiro»], mas nunca assumiu que puxara o gatilho. Rui D ´Espiney morre de cancro em 2016 (ver biografia citada em “Fontes”). Nessa ocasião, a Câmara Municipal de Setúbal apresentou, em reunião pública ordinária, um voto de pesar no qual lamentou o falecimento do sociólogo Rui d’Espiney, fundador e dirigente do Instituto das Comunidades Educativas, que se envolvia activamente “em inúmeros projectos de promoção da democracia participativa e dando espaço e voz aos direitos das minorias”

677 VALERIANO FERRÃO (11/10/1939)

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Valeriano Inocêncio de Araújo Ferrão foi um político e diplomata moçambicano que se tornou o primeiro embaixador de Moçambique nos Estados Unidos da América.

 

Filho de Tomás António e de Cristina Joana Araújo Ferrão, cresceu no ambiente que considerava racista e colonial da cidade da Beira. Exilou-se em Paris em 1963, onde se juntou a grupos de exilados portugueses e moçambicanos. 

 

Em 1964 foi estudar para Neuchâtel na Suíça, tendo-se formado em engenharia mecânica. 

 

Em 1970 regressou a África, integrando campos de treino da Frelimo em Argel, Cairo e Dar-es-Salaam onde além de receber treino militar, foi professor.

 

Regressou a Moçambique depois da independência nacional, tornando-se deputado na Assembleia Popular em 1977, e ingressou em 1978 nos quadros do Ministério dos Negócios Estrangeiros, primeiro como secretário-geral do ministério e em 1981 como Secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros. 

 

Em 1983, foi nomeado o primeiro embaixador de Moçambique nos Estados Unidos da América, cargo do qual foi exonerado em 1991.

 

Dedicou-se então a apoiar a agricultura, especialmente a realizada por mulheres na zona suburbana de Maputo, a qual fornece a cidade com produtos hortícolas.

 

Faleceu em outubro de 2022.

 

em Wikipédia

676 FREDERIKA MENEZES

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Frederika Menezes é uma autora, poetisa e artista goesa conhecida pelo seu livro Unforgotten, uma história de amor para jovens adultos publicada em 2014. 

 

Frederika Menezes nasceu em 1979 ou 1980, filha dos médicos José Menezes e Angela Fonseca e Menezes e cresceu no Altinho, em Pangim. Foi-lhe diagnosticada paralisia cerebral quando tinha um ano de idade e tem sido uma defensora da causa dos deficientes. Completou seus estudos na People's High School, Panjim em 1996.

 

Menezes começou a escrever poesia quando foi incentivada pela professora a fazer um projeto de aula, e foi aí que descobriu sua paixão pela escrita de poemas. 

 

Outras obras literárias de Menezes incluem The Portrait (uma coleção de poemas, publicada em 1998), The Pepperns and Wars of the Mind (um romance de fantasia, publicado em 2003) e Stories in Rhyme (que era um livro de versos para crianças, lançado em 2014).  

 

Fredericka é também uma pintora iniciante, usando processos digitais (em tablet, smartphone ou PC), utilizando apenas o dedo. Algumas de suas pinturas mais conhecidas são The Grievon Madonna, Tourada, Mother Sea e First Kiss . 

 

Menezes recebeu o galardão Yuva Srujan Puraskar de Literatura em 2016. O seu primeiro livro recebeu elogios do então presidente indiano, Abdul Karam. Foi-lhe também dada a oportunidade de recitar o seu livro de poemas na Assembleia Legislativa de Goa diante dele.  

 

Em 2019, o Samraat Club, em Panjim, felicitou-a em sua casa por ocasião do Dia Internacional da Mulher. 

 

Também em 2019, Frederika Menezes foi convidada principal na exposição de arte da Mouth and Foot Painting Artists Association (MFPA), e foi escolhida pela Comissão Eleitoral da Índia para ser o "ícone do voto para deficientes" no distrito North Goa durante as eleições gerais indianas de 2019. Foi também palestrante no certame TEDxPanaji, sobre otimismo, positividade e determinação.

 

segundo Wikipédia

675 NUNO DA CUNHA GONÇALVES (1914-1997)

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[...] nasceu na cidade da Beira, Moçambique e mudou-se para Portugal no seguimento do 25 de Abril de 1974. Foi chefe de secção do Serviço de Turismo e chefe da divisão de Rally’s do ACP - Automóvel Club de Portugal.

 

Sócio da Associação Numismática de Portugal, da Sociedade Portuguesa de Numismática e sócio-fundador da Sociedade de Numismática Scalabitana. Participou no 1.º Congresso Nacional de Numismática (1980) e fez parte da Comissão Executiva do primeiro e segundo encontros de “Medieval Coinage in the Iberian Peninsula”, realizados em 1984 e 1986. Colaborou também com a Numisma Leilões na organização da 1.ª Expo-Feira de Numismática de Beja (1987).

 

Em 1983, realizou uma conferência sobre “A Moeda – Testemunha viva de multiseculares civilizações". No mesmo ano lecionou um curso rápido sobre a Numária Grega.

 

Publicou variadíssimos artigos nas revistas “Académica”, “Numismática”, “Moeda” e “A Permuta”, dos quais destacamos “Moeda de Cobre de D. João I com Inscrição Árabe” (1982) e “Mestre Aragão e o “ceitil” pseudo-árabe de D. João l” (1984).

 

Doou a sua biblioteca, composta por milhares de livros, à Universidade e à Biblioteca Pública de Goa.

 

Em https://m.facebook.com/story.php?story_fbid=246203438074632&id=100080549326420

674 PEDRO DO CARMO COSTA

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Nasceu em Moçambique, morou por pouco tempo em Goa e cresceu em Lisboa. Descende diretamente dos Costa, gãocares (fundadores) de Curtorim, Goa.

 

"Pedro do Carmo Costa é um empreendedor, co-fundador e CEO da Pulsely (www.pulsely.io), uma empresa tecnológica líder em diagnósticos e analytics de Diversidade e Inclusão. Antes de fundar a Pulsely, Pedro foi co-founder e Director da Intersection Ventures, uma company-builder e venture capital baseada em Londres.

 

O Pedro co-fundou e liderou os esforços de desenvolvimento de negócio, da Exago, em Lisboa e Londres, de 2006 a 2016, data em que a companhia foi adquirida.

 

A sua carreira está centrada em inovação de negócio nos últimos 20 anos. Antes de co-fundar a Exago, o Pedro foi consultor na Strategos, uma empresa líder em consultoria em inovação estratégica fundada por Gary Hamel, onde liderou o escritório Ibérico e LatAm.

 

Antes de se juntar à Strategos, Pedro foi Senior Manager na Ernst&Young, nos escritórios de Boston (USA) e São Paulo (Brasil), durante cinco anos, e consultor na BaaN, em Lisboa, por três anos.

 

Pedro é Engenheiro de Produção Industria pela Faculdade de Ciências e Tecnologia, da Universidade Nova de Lisboa. Vive em Londres com a sua Familia.

 

É membro do Conselho da Diáspora Portuguesa desde dezembro de 2022"

 

em https://www.diasporaportuguesa.org/perfil/pedro-do-carmo-costa/

673 A RELEVÂNCIA HISTÓRICA DA OBRA PORTUENSE DE LUÍS CAETANO PEDRO D'ÁVILA, de José Pedro de Galhano Tenreiro*

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A breve notícia do incêndio do “chalet” do comendador Dantas permite compreender 

que a mesma, a par do palacete vizinho, teria características invulgares no contexto 

portuense, merecendo a referência a ambas como “magnificas propriedades acastelladas”. 

 

É de notar que o tipo de arquitectura de Luís Caetano Pedro d’Ávila é, à época, profundamente distinta dos modelos praticados no Porto. Esta situação verifica-se tanto no que respeita ao modelo proposto pelo arquitecto [...] no palacete de Henrique d’Oliveira Soares como também nas características referidas relativamente ao “chalet” Dantas. 

 

É de notar que a noção de “chalet” não era já 

estranha na região portuense aquando da passagem de Luís Caetano Pedro d’Ávila 

pelo Porto. Nesta ocasião são edificados vários “chalets” no Porto e na sua região de 

influência, muitos deles projectados pelo arquitecto Thomaz Soller, como as casas de 

Júlio Lourenço Pinto (1872) e de João António Gomes de Castro, Conde de Castro (1876), ambos na Foz do Douro. Outros edifícios apresentavam já alguns elementos característicos deste tipo de edificação, como lambrequins e telhados de duas águas 

dispostos perpendicularmente às fachadas, as quais se elevam em empenas de perfil 

triangular, surgindo sobretudo na proximidade da frente marítima. Todavia, tanto estes exemplos como a arquitectura de Thomaz Soller assumem características muito distintas do carácter “acastelado” do “chalet” Dantas, apresentando ambos, por oposição a este, um carácter menos monumental e de simplicidade ornamental. 

 

Será apenas na passagem de Oitocentos para Novecentos que surgem novos chalets 

de feição “acastelada”, como vários dos projectados no gabinete do engenheiro António da Silva, irmão do Visconde de Salreu, e outros da autoria do engenheiro António Rigaud Nogueira, sendo todos eles apresentando torreões encimados por coruchéus e muitas vezes ostentando telhados rematados nas suas empenas com lambrequins elaborados, caso este da casa de Custódio José da Costa, edificada na Rua do Bonjardim entre 1906 e 1909.

 

O mesmo engenheiro António Rigaud Nogueira revela em obras suas uma leitura atenta dos alçados do palacete de Henrique d’Oliveira Soares nas casas projectadas a partir de 1897 para José de Sousa Feiteira, na esquina da Rua Guerra Junqueira com a Avenida da Boavista, onde se verifica o uso de cantaria almofadada em torno das janelas e de vãos em arco ultrapassado, elementos à época ainda incomuns na arquitectura portuense.

 

O modo de implantação do palacete de Henrique d’Oliveira Soares, afastado da via pública, era também ele raro à época da sua construção, mas torna-se nota comum na arquitectura burguesa portuense a partir de finais de Oitocentos.

 

Por sua vez, as características formais do alçado do palacete de Eduardo Pinto da Silva ressurgem em diversos edifícios projectados posteriormente para os novos eixos urbanos abertos na década de 1870. 

 

Populariza-se então o uso da janela alta 

de verga curva e o revestimento de panos de fachada em cantaria de silharia fendida 

desde o piso térreo até à cornija, à imagem do que sucede no palacete da Rua de Vilar. O exemplo mais completo deste tipo de construção é, possivelmente, o prédio de rendimento edificado no ângulo da Rua Mouzinho da Silveira com o Largo de São Domingos entre 1881 e 1883.

 

Finalmente, o desenho da fachada do palacete de Eduardo Pinto da Silva vem contribuir para a confirmação de um novo modelo de residência burguesa no Porto, o qual se desenvolve em lote estreito com o piso térreo sobre-elevado em relação à via pública, e que se torna dominante a nível regional a partir desta ocasião. Apesar de existirem casas de lote estreito com o piso térreo sobre-elevado deste meados do século XIX e de a disseminação deste modelo arquitectónico ser particularmente notória a partir da década de 1870, o palacete de Eduardo Pinto da Silva permite o estabelecimento de uma variante àquele modelo tipológico que conjuga aquelas características com a monumentalidade adquirida pela tripartição da fachada, situação até então quase exclusiva de palacetes de grandes dimensões. 

 

Neste sentido, o modelo do palacete de lote estreito e fachada de esquema tripartido torna-se comum sobretudo durante o período que decorre de 1880 a 1910, sendo de referir neste contexto vários exemplares erguidos ao longo das avenidas da Boavista e Rodrigues 

de Freitas, bem como o palacete de Constantino Rodrigues Batalha situado na Rua do Passeio Alegre, exemplo raro da transposição desta tipologia para o contexto 

urbano da Foz do Douro.

 

Os modelos de distribuição interna dos palacetes de Henrique d’Oliveira Soares e de Eduardo Pinto da Silva não terão, contudo, seguimento nos anos seguintes. 

 

Com efeito, até finais do século mantêm-se em voga os modelos planimétricos neo-palladianos praticados desde finais de Setecentos, nos quais a escadaria assume sempre uma posição central no espaço doméstico, tanto nas casas de lote estreito como nos grandes palacetes, verificando-se ainda o recurso a grandes escadarias centrais e de aparato, por exemplo, no palacete do Conselheiro Boaventura Rodrigues de Sousa, 

projectado em 1895 pelo arquitecto Joel da Silva Pereira numa clara recuperação do 

modelo do Palacete Forbes, ou dos Braguinhas, edificado na década de 1860. 

 

Será apenas nos palacetes erguidos a partir do final da década de 1890 que a escadaria 

principal passa a assumir uma posição lateral a um corredor central de distribuição, como se verifica no palacete de António Eduardo Glama, projectado em 1899 para a então recém-aberta Rua Álvares Cabral, num projecto também ele atribuível a Joel da Silva Pereira.

 

A passagem do arquitecto [...] Luís Caetano Pedro d’Ávila pelo Porto em inícios da década de 1870 assume, assim, um papel de relevo no contexto da renovação do panorama arquitectónico e dos modelos residenciais locais na segunda metade do século XIX.

 

*Investigador do Centro de Investigação Gallaecia, Universidade Portucalense, Porto. Doutorado em Arquitectura, ramo 

de Teoria e História, pela Faculdade de Arquitectura da Universidade de Lisboa.

 

em Romanthis, n°1, 2022

672 O ENGENHEIRO ARQUITETO LUÍS CAETANO PEDRO D'ÁVILA E A CIDADE DO PORTO 

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Também na cidade do Porto o arquiteto goês deixou a sua marca, não tanto pela quantidade, exuberância ou centralidade das suas obras, mas porque elas marcaram uma mudança de estilo e de paradigma na arquitetura da cidade. 

 

Foram quatro, os projetos seus aprovados pela edilidade entre 1870 e 1880. 

 

Desses quatros projetos, um, encomendado por Joaquim Francisco da Silva Azevedo, nunca chegou a ser edificado. Outro, o chalé do Comendador Miguel Dantas, ardeu imediatamente num violento incêndio, com posteriores peripécias envolvendo as companhias de seguros, e que ecoaram nos jornais do país e do Brasil. 

 

Somente dois, os palacetes de Henrique d’Oliveira Soares e o de Eduardo Pinto da Silva foram concluídos. O primeiro, também conhecido como Palacete das Lousas, depois de servir como residência do mandante da obra, foi comprado no início da segunda década de XX, pela Escola Prática Commercial Raul Dória. Depois de muitas e sucessivas alterações acabou demolido em 1968. Era situado entre a Rua Gonçalo Cristóvão e a Travessa Alferes Malheiro. 

 

Persiste até hoje e em boas condições o segundo, a Casa de Vilar, situado na Rua do Vilar, 54, Porto.

671 A PAROQUIA E A IGREJA DE SANTA ANA DA MUNHUANA

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"A paróquia Santa Ana Munhuana localizada na cidade de Maputo è uma das maiores paróquias da Arquidiocese de Maputo. 

 

Fundada a 02 de Janeiro de 1909 hoje, a sua missão principal é evangelizar os povos, com palavras, acções e testemunho de vida, inspirado na sua padroeira Santa Ana, que foi uma Mulher simples, humilde e trabalhadora.[...]

 

Como tudo começou? A trajectória histórica da igreja de Santa Ana da Munhuana começou a desenhar-se ainda na época colonial, com chegada a Moçambique, de um grupo de jovens goeses que pisaram, pela primeira, este solo, da então cidade de Lourenço Marques, e se fixaram no antigo bairro indígena, conhecido com o nome de Munhuana. 

 

Relatos de alguns historiadores indicam que o nome Munhuana deve-se a uma lagoa de água salgada que ali outrora existia, daí essa mesma designação, pois na língua ronga significado sal.

 

De acordo com alguns relatos, o lugar era mato. A cidade civilizada terminava perto da actual avenida 24 Julho. [...]

                                

Ao recorrermos aos escritos de nossos historiadores, podemos ler que “o pequeno núcleo de novos habitantes era composto de jovens que vieram da província de Santa Ana de Goa, na Índia, e estavam cheios de confiança no futuro promissor de Lourenço Marques. Nesse grupo, destacavam-se um industrial, Paulo Nazário Pinto e o jornalista católico Luís Vicente Álvares, fundador e director do jornal semanal “O Oriente’’.

 

Em lembrando-se da sua terra natal, pediram á autoridade eclesiástica da época que houvesse no subúrbio uma paróquia com o nome Santa Ana, sua padroeira em Goa. Este pedido foi concedido.

 

Nesse tempo destaca-se a figura do senhor Gabriel Francisco Rego da Silva, que vivia em Lourenço Marques e os seus negócios prosperavam. Gabriel era nascido em Sofala, em 05 de Maio de 1855. Residia aí desde 1882, quando Loureço Marques não era senão cidade pobre e insalubre. Este senhor era conhecido como o africano. Era católico fervoroso e teve a ideia de construir, na Munhuana, com seus recursos, uma grande Igreja sob o património de Santa Ana, com escola e centro de saúde. A Igreja projectada por ele teria 25 metros de comprimentos, 10 de largura e 7 d altura.

 

Como se aproximava a data histórica da visita do príncipe Real Luís Filipe, Gabriel obteve abertura da parte das autoridades que a primeira pedra da constituição fosse lançada pelo herdeiro do trono de Portugal. A Cerimonia solene decorreu a 18 de Agosto de 1907. Era um ambiente de festa. Erigiu-se uma tenda de tela, condecorada com as cores nacionais. A pedra foi preparada e o príncipe, com o Ministro, o governador-geral e outras diversas autoridades chegaram ao local á hora marcada. Foi o dia de festa da Munhuana."

670 CLAUDE ÁLVARES

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Ambientalista, Álvares é membro da Autoridade de Gestão da Zona Costeira de Goa do Ministério do Ambiente e Florestas (MoEF) do Estado de Goa (União Indiana). Ele também é membro do Comitê de Monitoramento da Suprema Corte (SCMC) sobre Resíduos Perigosos constituído pela Suprema Corte da Índia.

 

Álvares nasceu em Bombaim, filho de pais católicos mangalorianos. Cresceu em Khotachiwadi e frequentou o St. Xavier's College, onde conheceu sua futura esposa Norma.

 

Em 1976, Álvares concluiu o doutorado pela Escola de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade de Tecnologia de Eindhoven. Ele e sua família se mudaram para Goa em 1977.

 

Depois de iniciar um projeto de desenvolvimento rural de curta duração, Álvares começou a escrever para o The Illustrated Weekly of India enquanto Norma estudava direito quando ela completou sua graduação em 1985.

 

Em 1986, o Parlamento da Índia aprovou a Lei de Proteção Ambiental. Juntamente com goeses que pensam da mesma forma, os Álvares fundaram a Fundação Goa no mesmo ano para aumentar a conscientização da sociedade e combater a evasão dos novos padrões ambientais. 

 

Em 1987, a Fundação abriu seu primeiro processo de litígio de interesse público contra garimpeiros que causavam a erosão das praias locais; representado em juízo pelo Adv. Ferdino Rebello, a Fundação conseguiu travar esta actividade. 

 

A Fundação também abriu processos contra o Ramada e outros desenvolvedores de resorts de praia que desrespeitavam os códigos de construção.

 

Álvares fez tam campanha contra os cultivos geneticamente modificados. No seu artigo da Illustrated Weekly of India de 1986, "The Great Gene Robbery", criticou o programa do International Rice Research Institute, financiado pelos EUA, para substituir variedades de culturas nativas por outras menos robustas. Também se opôs às tentativas da Monsanto de comercializar versões geneticamente modificadas de vegetais como berinjela.

 

Álvares fundou a Livraria Other India em Mapuçá na década de 80; em 1990, também fundou a Other India Press com o intuito de publicar livros sobre agricultura orgânica, educação domiciliar e meio ambiente.

 

segundo Wikipédia

MARCOS DA PRESENÇA GOESA EM CARACHI

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Antes da Partição 

 

1835: Traços da presença goesa em Carachi, ainda antes da aquisição britânica (1839)

 

1858: José Caetano Misquita abre a 'JC Misquita Bakery', um marco na padaria e pastelaria na cidade. O estabelecimento ainda existe, ainda que noutro local e em outras mãos

 

1861: Manoel Caldeira é o primeiro aluno goês matriculado na St Patrick's School

 

1886: A Associação Goa-Portuguesa (GPA) é estabelecida, com mais de 200 membros

 

1894: Fundação da Indian Life Assurance Co (a maior da Índia)

 

1897: Cincinnatus F. D'Abreo, é designado Assistant Collector, na Alfândega de Carachi 

 

1898: José António Vaz, é o primeiro Goês integrar o Serviço Civil Indiano do Raj Britânico

 

1905: Aloísio de Mello, advogado, é o primeiro Goês nomeado para a Função Pública Colonial Britânica 

 

1916: Frederico J. de Souza, primeiro goês nomeado para o Serviço Imperial de Engenheiros Ferroviários

 

1918: Eduardo Raimundo, o primeiro não britânico a ser nomeado Comissário Judicial 

 

1928: Goeses estabelecem a 'Cincinnatus Town' - o primeiro município da cidade

 

1928: António Estanislau D'Mello, funda o Conselho de Controle do Críquete da Índia

 

1930: Inácio Sequeira é o eminente fotógrafo da cidade, e que capta acontecimentos históricos

 

1930: Luis João Mascarenhas, o primeiro não britânico a ser nomeado Secretário do Karachi Port Trust

 

1931: Charles M Lobo compõe o hino 'Rise India' dedicado ao Cristo Rei

 

1932: Frank D'Souza, primeiro não britânico na direção do British India Railway Board 

 

1932: O Município de Carachi nomeia algumas estradas em homenagem aos pioneiros goeses

 

1934: António Estanislau D'Mello, estabelece o torneio Ranji Cricket

 

1936: Peter Paul Fernandes, o primeiro Goês a representar a Índia Britânica nos Jogos Olímpicos de Berlim

 

1939: A 'Optimists Band' de Mickey Correa estreia no Taj Mahal Hotel, onde toca por 21 anos!

 

1940: Quatorze Goeses de Carachi formam o núcleo dos jesuítas do Gujerate

 

1940: Bertie Gomes vence o Campeonato de Boxe Peso-Pesado da Índia Britânica 

 

1940: Hannibal D'Souza vence o Campeonato de Boxe Peso Mosca da Índia Britânica 

 

1945: Arthur Sequeira elabora o retrato oficial de Jinnah, o futuro pai do Paquistão, nos Estúdios Sequeira

 

1946: Jack Britto representa a província de e Sindh no All-India Ranji Cricket Trophy

 

1946: Manuel Misquita, torna-se o prefeito de Karachi

 

1947: Dr Orphino de Sá é designado Chief Medical Officer of Karachi Municipality Corporation

 

AGOSTO DE 1947

PARTIÇÃO DA ÍNDIA BRITÂNICA E SURGIMENTO DO PAQUISTÃO

669 NILZA DE SENA (21/11/1976)

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Nilza Marília Mouzinho de Sena é uma professora universitária e política portuguesa. Foi deputada à Assembleia da República entre 2011 e 2019, pelo Partido Social Democrata.

 

Nilza de Sena tem ascendência goesa e moçambicana.

 

É mestre em Ciência Política e doutorada em Ciências Sociais na especialidade de Sociologia. É professora no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. 

 

Entre entre 2010 e 2014 ocupou o cargo de Vice-Presidente do PSD e foi Deputada à Assembleia da República entre 2011 e 2019.

 

Foi deputada à Assembleia da República nas XII e XIII Legislaturas, entre 2011 e 2019, e presidente da Assembleia de Freguesia de Santo Condestável entre 2005 e 2009.

 

★Cargos que Desempenha

 

.Presidente da Comissão de Assuntos Económicos, Ciência, Tecnologia e Ambiente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), desde 2016.

.Membro fundador e da direcção da Plataforma para o Crescimento Sustentável, desde 2011.

.Conselheira no Conselho Nacional de Educação (CNE), desde 2013.

.Vice-Presidente do Gabinete de Estudos Nacional do PSD, desde 2017.

 

★Cargos Exercidos

.Vice-Presidente da Comissão Política Nacional do PSD 2010-2014

.Membro do Conselho Nacional do PSD 2014-2016.l

.Vice-Presidente da Comissão de Assuntos Económicos, Ciência, Tecnologia e Ambiente da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) 2013-2016

.Vice-Presidente da Comissão Permanente Parlamentar de Educação, Ciência e Cultura, 2011-2015

.Conselheira da Comissão para a Igualdade e Contra a Discriminação Racial (CICDR), 2011-2015.

.Membro Efectivo do Conselho Científico do ISCSP 2008-2013

Membro Efectivo do Conselho Pedagógico do ISCSP 2008-2013

.Presidente Assembleia Freguesia Santo Condestável, 2005-2009

 

★Obras Publicadas

.SENA, Nilza Mouzinho de (2011) Televisão e Democracia: eleições, debates e comunicação política, in Serviço público de Televisão. Celta.

.SENA, Nilza Mouzinho de (2008) A Tribuna Pública do Comentário Político, in Comunicação e Marketing Político, ISCSP.

.SENA, Nilza Mouzinho de (2007) Espaço Público, Opinião e Democracia, in AAVV, Studies in Communication Review, Publ. Labcom, UBI

.SENA, Nilza Mouzinho de (2006) As regras e os equívocos do discurso político, in Comunicação e Marketing Político, ISCSP

.SENA, Nilza Mouzinho de, (2011). A Televisão por dentro e Por Fora, Minerva Coimbra, Coimbra.

.SENA, Nilza Mouzinho de, (2002). A Interpretação Política do Debate Televisivo 1974-1999, Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa.

668 ALEXANDRE OVÍDIO

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Ator de cinema e de teatro, humorista e apresentador de televisão, Alexandre Ovídio é um nome discreto mas perene no meio artístico português. Filho de pai goês, a sua mãe é portuguesa.

 

Participou em peças teatrais no Teatro Nacional Dona Maria II, no Pogo Teatro, na Galeria ZDB, na companhia FX-Efeitos Especiais, no Museu da Farmácia, entre muitos outros.

 

No cinema participou em "Fenómeno" (2001) e no mini filme "Jogo Maldito" (2013), de David Rebordāo, onde representou Mário, o personagem principal.

 

Já no pequeno ecrã, Alexandre Ovídio teve o seu momento alto em 2006 ao apresentar na cadeia SIC, game show "Desprevenidos", o qual teve 26 episódios. 

 

Ovídio tem também desde 2008, lugar cativo na Benfica TV como humorista.

 

Paralelamente á sua carreira artística, Alexandre Ovídio tem também desenvolvido desde 1990, uma carreira técnica na empresa fundada por seu pai, Milton Ovídio, a EletroSertec, empresa essa dedicada a comercialização de tecnologia facilitadora a invisuais. 

 

Milton Ovídio é pioneiro em Portugal e em Moçambique, no associativismo para invisuais.

667 JOÃO QUEIROZ

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João Queiroz é licenciado em Economia pela Universidade Nova de Lisboa, desde 1992, tendo concluído a pós-graduação em Mercados e Activos Financeiros no INDEG/ISCTE, em 1997.

 

Possui extensa experiência na atividade bancária, com cerca de 30 anos, dos quais mais de 20 estão ligados ao Mercado de Capitais e à negociação de Instrumentos financeiros.

 

Em 2004 ingressou na então L. J. Carregosa - Sociedade Financeira de Corretagem, assumindo atualmente a função de Head of Trading do Banco Carregosa.

 

https://www.bancocarregosa.com/pt/pessoas/detalhe-cv-joao-queiroz/

665 D. MIGUEL DE PAIVA COUCEIRO (1909)

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Nasceu em Cascais e após a implantação da república seguiu com a família para Espanha e França, de onde regressou para prestar o serviço militar. Após cursar a Escola Militar integrou-se com Alferes na Arma de Cavalaria, em Cavalaria 7 e depois em Lanceiros 2 (Lisboa). 

 

Progredindo, teve um grave acidente de automóvel que o deixou em recuperação durante um ano em Paris, após o qual foi reintegrado em Cavalaria 2, 1 e 5 respetivamente, chegando ao posto de Capitão.

 

Adido ao Ministério das Colónias, foi nomeado Governador de Diu por Portaria Ministerial de 9 de Agosto de 1948. Desentendido com o então Governador do Estado da Índia, o Almirante Quintanilha, deixou o Governo de Diu a 31 de Julho de 1950.

 

Foi um período que, embora curto no tempo, deixou marcas profundas na cidade, nas suas gentes e vizinhos da União Indiana.

 

Nessa praça Portuguesa, considerada então "...o mais arriscado posto do Império Portugues...", cedo impôs as suas imensas qualidades, apreciadas não só pelos habitantes mas também pelos vizinhos Indianos com quem reatou excelentes relações num período crítico desse país, que acabava de tornar-se independente da Coroa Britânica. 

 

Em 1949, após uma das visitas a Diu do Ministro Indiano Samaldas Gandhi, sobrinho do Mahatma, a imprensa local - Comércio de Vieira de 10 de Julho de 1949, transcrição de uma notícia publicada no Diário de Notícias – dizia, citando esse Ministro, «os Portugueses, que vivem na Índia como bons amigos e irmãos dos Indianos, há centenas de anos, continuarão na Península Hindustânica outras tantas centenas de anos, desde que os seus governantes na Índia sejam como o actual governador de Diu, Sr. Capitão D. Miguel de Paiva Couceiro, acerca de cuja acção traçou o mais rasgado elogio ».

 

O mesmo Diário de Notícias citava, a 10 de Outubro de 1949, um artigo publicado no Blitz Newsmagazine da União Indiana em que se dizia que D. Miguel de Paiva Couceiro aí era « já hoje conhecido, quer em Diu, quer em Junagadh, capital do Estado de Saurashtra, vizinho de Diu, pelo Mountbatten Português ou Mountbatten de Diu, em virtude da sua popularidade e da boa vontade que demonstra nos seus contactos com os Indianos ».

 

Durante o seu curto Governo, D. Miguel – como alguém disse – ressuscitou Diu, negociou com a vizinha União Indiana, procedeu a uma série de acções e tomou decisões que melhoraram muito significativamente a vida na Província, como por exemplo:

 

.Reduziu os impostos que a população pagava sobre as importações da Índia

.Melhorou as condições sanitárias locais

.Fundou a primeira estação de rádio na Índia Portuguesa

.Mandou construir um Novo Hospital

.Promoveu a instalação, em Diu, duma delegação da Obra de Protecção à Mulher 

.Construiu um centro médico

.Desenvolveu a horticultura

.Incrementou o combate à malária e conseguiu erradicar a cólera

.Fundou a Biblioteca Norotom Mulgi e Revam Bai

.Coordenou a recuperação e restauração de numerosas obras de arte que estavam esquecidas, muitas das quais nas ruínas do Palácio

.Fundou uma High School dirigida por Jesuítas Espanhóis no edifício « São Paulo »

.Renovou completamente a infra-estrutura de fornecimento de energia eléctrica

.Mandou construir uma estrada asfaltada entre Gogola e a Índia

.Criou bolsas de estudo para os estudantes de Diu

.Restabeleceu o transporte marítimo entre Diu e Bombaim

.Construiu novas instalações para os Correios

Restabeleceu a circulação de viaturas entre Una e Diu

.Restabeleceu o aprovisionamento de carne de vaca, que estava interrompido havia 2 anos

.Restabeleceu o aprovisionamento em água potável, abandonado há 40 anos

 

D. Miguel fez também proceder à restauração do Palácio do Governador, uma pequena maravilha da arquitectura Indo-Portuguesa, considerado como o único palácio da Índia Portuguesa. Dizia o jornal "Anglo-Lusitano" de 24/6/1950: "Com fachada do Século XVII, encimando os brazões dos valorosos heróis de Diu, Nuno da Cunha, António da Silveira, D. João de Mascarenhas e D. João de Castro, todo o mobiliário artistico característico de estilo indo-português, os interiores e principalmente a "Sala de Parvati", enriquecidos com pedra e madeira lavrada".

 

Á sua decisão de abandonar o cargo, responde a população com uma manifestação relatada no Diário de Notícias de 19.05.1950:

 

"O povo de Diu dispensou calorosa manifestação de simpatia ao sr. Capitão Paiva Couceiro, ao mesmo tempo que lhe pediu que não abandonasse o governo do distrito. Uma comissão enviou ao comandante Quintanilha, governador geral do Estado da Índia, o seguinte telegrama: O povo de Diu, vivendo uma época de paz, de prosperidade e de progresso, graças ao governador Miguel de Paiva Couceiro, recebeu em sobressalto a inesperada notícia de que era sua intenção deixar a chefia do distrito. Muitas pessoas ocorreram hoje ao Palácio pedindo ao governador o sacrifício de continuar e suplicando-lhe que desista do seu intento. Rogamos máximo interesse junto do Governo da Metrópole, no sentido de conseguir que o sr. Capitão Paiva Couceiro continue na Índia, onde tanto prestigia Portugal".

 

8 anos depois de D. Miguel ter deixado o Governo de Diu, a Câmara Municipal de Diu, na sessão ordinária de 31 de Julho de 1958, assunto n.º 5, decidiu designar uma rua de Diu "Rua D. Miguel de Noronha de Paiva Couceiro". Trata-se do troço entre a Avenida António de Silveira, que se dirige à Sé Matriz, e a Rua D. João de Castro. Diz essa acta: "A Câmara ... concordou por unanimidade ... designar essa parte da rua com o nome do inesquecível e grande Governador que Diu teve a dita de possuir".

 

Depois de ocupar muitos outros cargos públicos e privados em Moçambique e África do Sul, Dom Miguel falece em Lisboa a 24 de Junho de 1979.

 

 

 

664 ANTÓNIO BERNARDO COLAÇO

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Juíz Conselheiro (jubilado) do Supremo Tribunal Administrativo, e membro da Associação Portuguesa de Juristas Democratas -APJD.

 

Tem tido desde há muito um grande protagonismo intelectual no sindicalismo da magistratura e na imprensa através das suas obras e artigos, nomeadamente no Observador, Público e Abril.

 

Natural de Goa, licenciou-se em direito e foi participante activo no processo de independência de Angola até 1977.

 

É co-autor do livro "Sindicalismo na PSP - Medos e Fantasmas em Democracia".

 

Percorreu todos os graus da magistratura do Ministério Público até ser apurado em concurso para o cargo de Juiz do Supremo Tribunal de Justiça.

663 RUI NOGAR (02/02/1931)

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Rui Nogar é o pseudónimo de Francisco Barreto, filho de emigrantes brancos oriundos de Goa. Nasceu em Lourenço Marques..

 

Após a morte do pai, abandonou os estudos secundários, a fim de prover ao sustento da família. 

 

Considerava-se um autodidacta, cuja formação devia tanto ao exemplo dos pais como ao de professores, exilados políticos portugueses, que o alertaram para as questões sociais e a necessidade de as problematizar no contexto colonial.

 

Viveu de perto desigualdades e injustiças, quer no subúrbio laurentino, que «conhecia como os seus dedos», quer no seu percurso profissional: trabalhou junto dos carregadores do cais e como praticante de escriturário nos Caminhos de Ferro de Moçambique, funções que só não foram mais humildes porque «era impossível ser servente. Na altura só os havia de raça negra», disse.

 

Posteriormente, foi copywriter, contabilista e redactor em diversos títulos da imprensa, como a Tribuna ou O Brado Africano.

Com Craveirinha, participou nas actividades da Associação Africana, aí se notabilizando como declamador. Foi, aliás, na sequência de uma das sessões culturais dinamizadas naquela associação, em 1953, que a polícia política o deteve pela primeira vez. 

 

Os seus poemas mais antigos datam de 1954-55 e surgem em O Brado Africano e no Itinerário. Publicou um único livro em 1982, Silêncio Escancarado, onde publicou principalmente poemas que escreveu durante o tempo em que esteve preso pela PIDE.

 

Nessa época, reconhecia «ser mais provocador de vocações do que ser ele próprio vocacionado», mas acabou por assumir a escrita como um instrumento de expressão do seu «mundo interior», o que, nas suas palavras, significava tudo «aquilo que nós achávamos justo», tudo o que «pensávamos realmente não poder continuar a acontecer à nossa volta».

 

Depois da independência do território foi deputado á Assembleia Popular, diretor do Museu da Revolução, Diretor Nacional da Cultura e Secretário Nacional da Associação dos Escritores Moçambicanos. 

 

Faleceu em Lisboa no ano de 1993.

664 A IMPRENSA EM GOA, por Eduardo Judas de Barros 

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★O início

 

"O início da imprensa periódica em Goa, se deu em 22 de dezembro de 1821, com a publicação do primeiro jornal oficial, a Gazeta de Goa.

 

Este jornal, órgão oficial do governo, era semanal e continha as deliberações do governo, o cadastro mensal da receita e despesas do tesouro público, do senado da câmara, da Santa Casa de Misericórdia, inserindo também algumas informações sobre a metrópole e do estrangeiro.

 

A Gazeta de Goa teve como seu primeiro redator o físico-mor Dr. Antônio José de Lima Leitão e em seguida foi editada pelo oficial-maior da secretaria, Luís Prates de Almeida Albuquerque, a quem sucedeu José Aniceto da Silva. O jornal perdeu o seu valor primitivo de publicação após a morte do seu redator Luís Prates, convertendo-se em veículo de discussões e animosidades, como observa Antônio Maria da Cunha, na sua obra A evolução do jornalismo. 

 

Em 1826, a Junta que sucedeu ao Vice-rei D. Manuel de Câmara, lavrou em 29 de agosto de 1826 uma portaria mandando cessar a publicação da Gazeta de Goa afirmando que “sempre o governo passou sem imprensa e sem Gazeta até a infeliz época da Revolução, e nestes tempos desastrosos só produziu males, e que achando-se atualmente os tipos imprestáveis, não havia inconveniente em se suspender a Gazeta”.

 

Em conseqüência das lutas públicas no Estado, o governo que estava no poder, criou em 13 de junho de 1835, um novo jornal periódico Chronica Constitucional de Goa, que foi, portanto, o segundo jornal, igualmente oficial e semanal como o primeiro e redigido pelo mesmo José Aniceto da Silva, que na sua parte não-oficial se consagrava à política em combate violento com os jornais portugueses de Bombaim como o Investigador Português, de José Valério Capela. A Chrónica suspendeu a sua publicação em 30 de novembro de 1837.   

 

Sucedeu a este jornal, o periódico oficial, Boletim do Governo do Estado da Índia, que teve iniciada a sua publicação em 7 de dezembro de 1837. Conforme o decreto de 7 de dezembro de 1936 que nas províncias ultramarinas fosse publicado em Boletim, tendo por seu Editor Chefe o Secretário Antônio Mariano de Azevedo, auxiliado pelo cônego Caetano João Peres e por Cláudio Lagrange Monteiro Barbuda. O Boletim foi publicado semanalmente, à exceção dos primeiros cinco meses de 1843, em que se publicaram dois números por semana, como se veio fazendo depois desde o começo de 1856 até agosto de 1879. 

 

Tanto a Chronica Constitucional como a Gazeta de Goa segundo observa Antônio Maria da Cunha no seu livreto A Evolução do Jornal tinham o cunho de jornais oficiais. 

 

O primeiro jornal político da Índia Portuguesa foi o Echo da Lusitânia, também impresso nos prelos do Governo por uma única razão de que não havia outra tipografia no país. Tendo por editor o desembargador Manoel Felicíssimo Lousada de Araújo, o jornal teve periodicidade semanal com início em 7 de Janeiro de 1836 e terminado em 5 de março de 1837.

 

Na mesma Tipografia do Governo, foram ainda publicados O Vigilante, do Major do Exército de Moçambique, João de Souza Machado, que se publicou de 13 de julho de 1838 a 22 de outubro do mesmo ano; O Observador, de José Aniceto da Silva, publicado de 15 de fevereiro de 1839 a 31 de outubro de 1840, tendo sido quinzenal nos seus primeiros 24 exemplares e depois mensal; o Correio de Nova-Goa, semanal, de Bento Zeferino Gonçalves de Macedo, de 4 de janeiro de 1844 a 8 de março de mesmo ano; A Voz dos Povos da Índia, semanal também, da redação coletiva de José Aniceto da Silva e outros que durou de 3 de julho de 1845 a 3 de março de 1846; o Defensor da Ordem e da Verdade, da redação de José Antônio de Oliveira e outros, com a duração de 24 de agosto de 1852 a 31 de agosto de 1853 e o Defensor do Real Padroado, com os mesmos redatores do anterior que iniciaram a sua publicação, em 1º de setembro de 1853 e terminando em março de 1854.

 

Saiu à luz também nessa mesma época, outro órgão oficial que foi publicado de 22 de maio de 1844 até o fim do ano de 1845, com o nome de Apenso aos Boletins do Governo e que tomou o nome depois de Jornal da Santa Igreja Lusitana publicado sob a orientação do Arcebispo D. José Maria da Silva Torres, defensor vigoroso do Padroado do Oriente contra a Propaganda, tendo sido publicado de janeiro de 1846 até março de 1849.

 

Essa é a fase do primeiro período da Imprensa Periódica de Goa Colonial que saiu do prelo oficial do governo.

 

 

 

★A Segunda Fase do Desenvolvimento

 

 A segunda fase da imprensa portuguesa em Goa se inicia com a introdução da primeira gráfica particular por Bernardo Francisco da Costa, em 1859, e é considerado o mais fecundo período da imprensa e do progresso literário de Goa. E foi ele que fundou o primeiro jornal com tipografia própria, O Ultramar. O primeiro número de O Ultramar foi publicado na cidade de Margão, no Conselho de Salcete em 6 de Abril de 1859, tendo o próprio Bernardo Francisco Costa como seu Editor principal e seu irmão Antônio Anastácio Bruto da Costa como redator responsável. Tendo Bernardo Francisco Costa sido eleito deputado às Cortes em Lisboa, ficou desde 15 de agosto de 1867 como editor o seu irmão Antônio Anastácio Bruto da Costa e continuou até a sua morte, 24 de abril de 1911. 

 

Conforme atesta Antônio Maria da Cunha foi “o único jornalista da Índia Portuguesa cujo cinqüentenário se celebrou. Após a sua morte o jornal foi dirigido pelo seu filho, o advogado Condorcê Bruto da Costa, assumido o mesmo desde 1º de maio de 1911. Inicialmente semanal, passou a ser bi-semanal desde 2 de novembro de 1905. 

 

Ao Ultramar seguiu-se outro importante jornal A Índia Portuguesa, tendo como editor Manuel Lourenço de Miranda. Foi publicado na Tipografia estabelecida em Margão e depois transferida para Orlim no mesmo Conselho de Salcete, onde continuou a ser publicado desde 29 de dezembro de 1864. Após a morte de Manoel de Miranda Franco, passou em 13 de Maio de 1866 a ser editado por Dr. José Inácio de Loyola, que esteve já trabalhando no jornal e permaneceu como editor até 17 de maio de 1902, seguindo-se-lhe o seu irmão Avertano de Loiola que o editou de 4 de julho de 1892 até 21 de Agosto de 1911, em que, por últimos acontecimentos políticos suspendeu a sua publicação empreendendo a do outro jornal semanal, O Popular, em Varcá no mesmo conselho de Salcete, que se publicou de 4 de outubro de 1911 a 20 de maio de 1912.

 

Renasce a Índia Portuguesa em 10 de agosto de 1912 sob a direção do Dr. Miguel Loyola Furtado que a dirige até a sua morte em 14 de setembro de 1918, ficando suspensa mais uma vez a sua publicação.

 

Porém, a Índia Portuguesa volta a ser publicada mais uma vez, mas desta vez em São Tomé, uma aldeia do mesmo conselho de Salcete, sob a direção de Vicente de Bragança Cunha e é publicada até 26 de novembro de 1921, interrompendo mais uma vez a sua publicação.

 

Com esses jornais encerra-se o segundo período da imprensa portuguesa em Goa.

 

 

 

★A Terceira Fase da Imprensa

 

 O terceiro período da imprensa portuguesa em Goa pode ser marcado com a publicação do jornal diário O Heraldo.

 

As bases para o lançamento do jornal diário em Goa já se iniciam em 1899 e, em 22 de janeiro de 1900, é publicado o seu primeiro número, tendo como diretor e proprietário Messias Gomes. Em 1901, com a partida de Messias Gomes a Lisboa, assume a direção do jornal o jornalista Antônio Maria da Cunha, até 8 de maio de 1908, que em seguida finda o seu próprio jornal Heraldo.

 

O jornal O Heraldo amplia as suas dimensões e, no mesmo dia, A Era Nova, semanário da capital, torna-se diário mas termina a sua publicação em 1905.

 

Ainda em 1905 se inicia em Margão outro periódico, Echo da Índia, cujo primeiro número sai, portanto, em 9 de setembro de 1905. Passa a ser semanal até que é interrompida a sua publicação em 1907. Mas no mesmo ano de 1905 publicou-se na capital do Estado de Goa, o Diário de Goa, que termina em 1906.

 

Também desde 14 de setembro de 1911 até 31 de novembro de 1912 é publicado como diário o Correio da Índia, que passa depois a ser semanal.

 

Em 1 de dezembro de 1919 é publicado o Diário da Noite, de formato pequeno, pelos irmãos Luís Menezes e Antônio Meneses. 

 

Temos ainda o diário publicado em Margão no Conselho de Salcete, A Vida, fundado pelo médico Sales da Veiga Coutinho, que continuou a ser publicado até depois da integração de Goa na Índia em 1964, tendo como editor o seu filho, Pe. Lúcio da Veiga Coutinho, tendo sido transformado mais tarde em diário de língua Concani, pelo nome de Divtti, do qual tive a oportunidade de ser o seu primeiro editor.

 

Os quatro diários em língua Portuguesa – O Heraldo, Heraldo, Diário da Noite e A vida –, continuaram a ser publicados em Goa até depois de 1964, ano em que Goa começou a fazer parte da União Indiana. Hoje não existe nenhum jornal nem periódico em língua portuguesa em Goa.

 

O Jornal diário O Heraldo se transformou em diário em inglês com o nome de Herald.

 

Embora a colonização portuguesa se deva à exploração comercial, como se qualificou todo o processo de colonização européia na Índia, esse processo se diferiu tanto do processo de colonização francesa bem como inglesa, na própria Índia.

 

Esta diferenciação se baseia especificamente na política colonial portuguesa em Goa, começada por Afonso de Albuquerque imediatamente após a sua tomada.

 

Esta política se firmava em construir uma comunidade luso-tropical cristã, sendo que a colonização portuguesa e a cristianização se tornaram inseparáveis, o que não aconteceu nem com a francesa nem com a inglesa nas outras regiões da Índia.

 

Por isso mesmo, como nota K. M. Pannikar (1956: 55). “de todos os povos que colonizaram a Índia, os portugueses deixaram um rastro indelével da sua passagem colonial”. Isso enquanto criaram em Goa uma comunidade cristã, adaptando-se o conceito de luso-tropicalismo, qual foi proposto por Gilberto Freyre, às considerações de situação histórico-social de Goa.

 

O processo colonial português chegou a criar uma comunidade cristã que se ocidentalizou nos seus modos, hábitos de vida e valores culturais. Esse processo se desenvolveu precisamente numa situação de transmissão cultural direto, considerada a sua própria missiologia da época, segundo a qual cristianizar era ao mesmo tempo ocidentalizar.

 

Conforme o escritor goês Mariano Saldanha (1948;8), em Goa, a cultura portuguesa teve rápida assimilação, tornando-se imediatamente reprodutiva, dado que o secular sistema educativo dos hindus havia preparado o terreno intelectual propício.

 

Dentro de meio século, ou menos ainda, da dominação portuguesa, estava esta pequena capital do império luso-oriental por tal forma lusitanizada no seu elemento intelectual cristão, que se achava em condições de auxiliar o próprio governo português, tanto na administração como na propagação do cristianismo no Oriente, fornecendo burocratas e missionários nativos habilitados nos seus seminários e colégios”.

 

 ★Conclusão

 

 É neste contexto de colonização Portuguesa na Índia que a língua portuguesa, remotamente aparentada com a língua local de Goa, o Concani, e com outras línguas de procedência sanscrítica, espalha-se em todos os territórios de Goa, Damão e Diu que constituem a Índia Portuguesa. Mais particularmente em Goa, devido às escolas governamentais que se multiplicam e sobe a tal altura a assimilação do novo idioma por parte duma elite sempre crescente de Goeses que não tarda a desabrochar em apreciáveis produções de pensamento e de arte.

 

Com efeito, a história da cultura literária de Goa Lusófona poderá ser dividida em quatro períodos. O primeiro abrange o tempo que vai desde a criação de escolas paroquiais em 1545 até o início da imprensa periódica com a publicação de Gazeta de Goa, em 22 de Dezembro de 1821. A segunda fase seria o tempo que vai até a criação do Instituto Vasco da Gama em 1871, hoje chamado Instituto Menezes de Bragança, nome de um dos lideres nacionalistas de Goa. O terceiro período poder-se-ia situar desde 1871 até 19 de dezembro de 1961, data em que Goa foi integrada na União Indiana. 

 

O período inicial da produção literária em língua portuguesa em Goa, tem início em 1545, quando o Vice-Rei D. João de Castro, manda abrir escolas com o objetivo de doutrinar nelas os meninos nos rudimentos da fé cristã e de ensiná-los, ao mesmo tempo, a ler, escrever e cantar em português. Foram estas escolas os primeiros estabelecimentos públicos da Instituição Primária em Goa em língua portuguesa.

 

É neste contexto que a imprensa portuguesa em Goa Colonial marca o desenvolvimento da língua portuguesa em Goa e terá de ser estudada mais profundamente para analisar a formação das elites intelectuais goesas, considerando que todos os quatro diários se sustentaram e sobreviveram até pouco tempo depois da integração de Goa na Índia, quando começa a desmoronar-se o mundo lusófono de Goa na Índia.

 

Numa análise das publicações em língua portuguesa encontramos uns cento e oitenta e nove jornais e periódicos que foram publicados em Goa."

663 RELAÇÃO DOS PERIÓDICOS DE GOA, por Eduardo Judas de Barros

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1 Gazeta de Goa
Semanal 22.12.1821 - Agosto de 1826

2 Chrónica Constitucional de Goa
Semanal 13.06.1835 - 30.11.1837

3 Echo de Lusitânia
Semanal 07.01.1836 - 05.03.1837

4 Boletim do Governo do Estado da Índia 07.12.1837

5 O Vigilante
Semanal 13.07.1838 - 22.10.1838

6 A Biblioteca de Goa
Janeiro de 1839 (único número publicado)

7 O Observador
Quinzenal 15.02.1839 - 31.10.1840

8 O Encyclopédico
Julho de 1841 - Junho de 1842

9 O Compilador
Mensal 07.10.1843 - 31.12.1847

10 O Correio de Nova Goa
Semanal 04.01.1844 - 24.09.1844

11 Appenso ao Boletim do Governo
Semanal 22.05.1844 - Dezembro de 1844

12 A Voz dos Povos da Índia
Semanal 03.07.1845 - 03.03.1846

13 Jornal da Santa Igreja Lusitana do Oriente
Semanal Janeiro de 1846 a março de 1849

14 Gabinete Literário das Fontainhas
Mensal 15.01.1846 a Dezembro de 1848

15 O Mosaico
Mensal Janeiro de 1848 a Junho de 1848

16 O Defensor da Ordem e da Verdade
Quinzenal 24.08.1852 - 31.08.1853

17 O Defensor do Real Padroado
Mensal Setembro de 1953 a Março de 1854

18 Revista Ilustrativa
Mensal 06.11.1854 - 16.07.1855

19 O Ultramar
Bissemanal 06.04.1859 a Novembro de 1941

20 A Índia Portuguesa
Semanal 04.01.1861 - 26.11.1921

21 A Phoenix de Goa
Semanal 06.04.1861 - 30.12.1862

22 A Harmonia
Semanal 12 04.1862 - 27.10.1864

23 A Aurora de Goa
Semanal 06.01 1863 - 01.07.1865

24 A Sentinella da Liberdade
Semanal 07.10.1864 - 31.12.1869

25 Jornal de Notícias
Semanal 01.10.1868 - 30.04.1869

26 A Imprensa
Semanal 18.10.1870 a abril de 1876

27 A Gazeta de Goa
Semanal 16.07.1872 - 30.12.1873

28 O Mensageiro
Semanal 16.08.1872 - 12.11.1873

29 O Paiz
Semanal 04.02.1873 - 27.10.1874

30 O Progresso
Semanal 07.04.1873 - 21.06.1873

31 Opinião Pública
Semanal 02.07.1873 - 22.12.1875

32 O Oriente
Semanal 07.03.1874 - 27.11.1874

33 Gazeta de Bardêz
Semanal 17.10.1874 - 22.01.1884

34 Nova Goa
Semanal 04.05.1876 - 12.03 1878

35 A Cruz
Semanal 15.07.1876 - 26.07.1882

36 A Pátria
Semanal 10.01.1877 - 14.12.1894

37 A Civilização
Semanal 06.2.1877 - 28.11.1878

38 O Imparcial
01.7.1878 a Agosto de 1899

39 A União
Semanal 05.09.1878 - 18.10.1880

40 A Semana
Semanal 04.03.1880 - 10.09.1880

41 A Verdade
Semanal 16.07.1882 - 31.12.1885

42 O Echo Popular
Semanal 07.01.1883 - 07.08.1884

43 O Correio da Índia
Semanal 07.08.1883 - 28.12.1892

44 O Correio de Goa
Semanal 07.08.1883 - 14.04.1888

45 O Crente
Semanal 09.08.1883 a 1928

46 Periódico do Povo
Semanal 25.10.1883 - 11.12.1886

47 O Progresso de Goa
Semanal 1883

48 The Times of Goa
Semanal 21.09.1885 a 1889

49 A Discussão
Semanal 12.08.1886 a 1889

50 A Convicção
Semanal 15.01.1887 a 1895

51 Farpas
Semanal Setembro 1887

52 O Repórter da Índia
Semanal 03.10.1888 - 22.03.1889

53 Archivo Portuguez Oriental
1857 - 1866

54 O Patriota
1858 - 1874

55 O Recreio
1859 - 1860 e 1865 - 1866

56 Tirocínio Literário
1862 - 1863

57 Jornal de Pharmácia e Sciências Médicas da Índia Portugueza
1862 - 1863

58 Revista Médico-Militar da Índia Portuguesa
1862 - 1864

59 Recreio das damas
1863

60 O Periódico Militar do Ultramar Portuguez
1863

61 Ilustração Goana
1864 - 1866

62 Archivo de Pharmácia e Sciências Accessorias da Índia Portugueza
1864 - 1871

63 Harpa do Mandovy
1865

64 O Chronista de Tissuary
1866 - 1869

65 Goa Sociável
1866

66 O Ramalhetinho
1866 - 1870

67 O Oriente Cathólico
1867 - 1870

68 Instituto Vasco da Gama
1872 - 1875

69 Jornal de Pharmácia, Chimica e Historia Natural Medida
1872 - 1873

70 Album Litterário
1875 - 1880

71 Dexâssudhârânetxo (em PT e Marata) 1876-1880

72 Estreia Litterária
1877

73 Goamitra
1882 - 1883

74 Jornal das Novas Conquistas
1882 - 1886

75 O Arya-Bondir
1885 - 1886

76 O Goa Pancha
1885 - 1889 e 1890 - 1892

77 Cavaco Instructivo
1887

78 Sudarxana
1888

79 A Democracia
Semanal 11.10.1888 - 03.10.1889

80 Ortigas
Semanal 01.1.1889 (Único exemplar)

81 O Niaya Chacxu
1889 - 1890

82 Mandovy
Semanal de Julho 1890 a 27.10.1890

83 Gomantac
1890 - 1892

84 O Vinte e Um de Setembro
Semanal 28.10.1890 - 29.12.1892

85 A Voz do Povo
Semanal 07.11.1890 a 1907

86 Correspondência de Goa
Semanal 1891

87 Gazeta de Perném
1893 - 1894

88 Gazeta da Índia
Semanal 01.02.1893 - 18.08.1894

89 O Investigador
Quinzenal 29.01.1894 - 21.07.1894

90 O Indispensável
01.04.1894 a Dezembro de 1895
28.12.1909 a Julho de 1915.
Edição inglesa de Janeiro de 1913 a Janeiro de 1914

91 Divan Litterário
1894

92 Archivo Médico da Índia
Agosto de 1894 a Abril de 1896

93 Notícias
01.09.1894 a 1937

94 O Brado Indiano
Semanal 15.12.1894 a Dezembro de 1895

95 O Liberal
Mensal de Janeiro de 1895 a Outubro de 1895

96 O Paíz
Quinzenal 01.01.1895 a Outubro de 1895

97 A Evolução
Semanal 02.01.1895 - 13.11.1895

98 Bibliotheca de Notícias
Mensal 03.08.1895 a Novembro de 1895

99 A Era Nova
Semanal 03.11.1897 - 30.04.1903

100 O Portuguêz
Semanal 16.12.1897 - 16.11.1901

101 O Athleta
Semanal 1899 - 22.12.1906

102 O Heraldo
Diário 22.01.1900 até hoje

103 O Bardezano
Semanal 04.02.1904 - 22.12.1906

104 O Índio
Semanal 09.02.1904 - 06.04.1908

105 O Nacionalista
Semanal 11.10.1904 - 12.12.1910

106 O Oriente
Semanal 09.03.1905 - 22.12.1905

107 Echo da Índia 09.09.1905 - 28.06.1907

108 A Reforma
Semanal 16.10.1905 - 01.01.1906

109 Diário de Goa
Diário 16.10.1905 - 22.02.1906

110 O Imparcial
Semanal 5.3.1906 a 18.8.1906

111 O Pygmeu
Diário 04.02.1908 - 31.12.1909

112 Heraldo
Diário 21.05.1908 até hoje

113 O Ariano
Semanal 16.07.1908 - 27.12.1911

114 O Futuro
Semanal 11.04.1909 - 12.01.1917

115 O Commércio
Diário 01.10.1909 - 30.12.1912

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Semanal 03.04.1911 - 16.02.1921

117 O Popular
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118 O Povo
Bisemanal 26.7.1912 - 12.02.1913

119 Students’ Progress
12.09.1912 a Agosto de 1914

120 Jornal da Índia
Semanal 14.03.1913 - 26.08.1913

121 Boletim do Commércio
Semanal 29.03.1913 - 29.03.1915.

122 A Pátria
Semanal 06.08.1913 - 29.10.1914

123 Rebate
Semanal 01.10.1913 - 12.06.1914.

124 Vida Nova
Semanal 17.11.1913 - 22.09.1917

125 Jornal do Povo
Semanal 14.07.1914 - 10.10.1918

126 A Lanterna
Semanal 01.10.1914 - 02.12.1916

127 A Terra
Bissemanal 01.01.1916 a 1932

128 O Liberal
Semanal 05.10.1916 - 12.03.1919

129 O Progresso
Semanal 10.03.1917 - 15.11.1919

130 Opinião
Semanal 12.11.1917 - 29.03.1919

131 O Português
Semanal 08.06.1919 - 26.09.1919

132 Nacional
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133 Diário da Noite
Diário 01.12.1919 até hoje

134 A Tribuna
Semanal 02.01.1920 a 1925

135 Provincia
Semanal 07.06.1920 a 27.03.1922

136 O Bharat
1920 a 1949

137 Boletim Geral de Medicina e Farmácia Março de 1921

138 Gazeta da Relação de Nova Goa
Semanal 1921 - 1932

139 A Época - 1924-1930

140 Boletim do Instituto Vasco da Gama
1926

141 Sandalcalo

142 Lubadhe
Semanal

143 Arquivos da Escolas Médico-Cirúrgica de Nova Goa
De Julho de 1927 até hoje

144 Pracasha
1928 - 1937

145 Correio de Bardez
Semanal 1928 - 1948

146 Filha, Mãe e Esposa
1928 - 1938

147 Esplendores da Religião
1928 - 1930

148 Ven. Padre José Vaz
Mensal
Ed. Port. 05.1928
Ed. c.Conc. 07 10.1929
Ed. Ing. 01.1931.

149 Ariavidnyana
Semanal 1929

150 Estado da Índia

151 Pradipa
1929 - 1930

152 Amchó Gão
Semanal 1929 - 1933

153 Niz Bhavarti
Semanal Janeiro de 1930

154 Voluntário
Semanal 1930

155 Porjecho Adar
1930 até hoje

156 Diário da Tarde
1931-1933

157 A Voz de S. Francisco Xavier
Semanal 1931 - 1942

158 Índia
Mensal (ing.) Outubro de 1931

159 Correio de Bicholim
Semanal 1931 - 1932

160 Vaisha
1931

161 Patita Pavana
Trimensal 1931

162 O Tempo
Semanal 1931 - 1951

163 Índia - Suplemento (ing.)
Agosto de 1932

164 Mascote
Mensal 1933 - 1936

165 A Luta
1933 - 1937

166 Bharat-Mitra
Mensal 1933 até hoje

167 Jornal da Índia
1933 - 1945

168 O Médico
Mensal Janeiro de 1934 até hoje

169 O Independente
Semanal 25.12.1933 - 09.09.1946

170 Vauraddeanchó Ixtt (Amigo do Operário) - Dezembro de 1933 até hoje

171 Jornal das Comunidades
Semanal 1934 - 1937

172 Boletim da Comissão de Arqueologia
Outubro de 1935

173 O Clínico
Mensal 11.12.1938 até hoje

174 A Vida
Diário 15.09.1938 até 1963

175 O Esculápio
Novembro de 1940 a Maio de 1941

176 Boletim Eclesiástico da Arquidiocese de Goa
Mensal Julho de 1942 até hoje

177 Ala - Revista do Liceu Nacional de Albuquerque
Anual 1944

178 Oratório Salesiano de D. Bosco
Março de 1946 até hoje

179 A Voz da Índia
1946 - 1950

180 Avante
Outubro de 1946

181 Aitarachem Vachop
Quinzenal 1947 até hoje

182 Índia
Mensal Janeiro de 1950 a 1964

183 Notícias do Estado da Índia
Agosto de 1950 a 1961

184 Luz da Infância
Mensal 13.10.1951 a 1959

185 Portuguese India
Quinzenal Janeiro de 1952

186 Diário de Goa
01.02.1953 a 1961

187 Revista Farmacêutica
Trimestral Janeiro de 1954 a 1959

188 Vanguarda
Outubro de 1954 a 1961

189 Heraldo - ed. ingl.
Semanal 31.04.1956 a 1962

190 O Heraldo - ed. conc.
Semanal 02.02.1956 até hoje

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